quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CIÚME

É natural sentir ciúme quando se ama e, de alguma forma, se vê ameaçada a exclusividade da relação a dois. Porém, esse ciúme pode ser resolvido se a cumplicidade do casal se impõe à situação. Contudo, quando um dos parceiros sente ciúme na falta de motivos reais, por meio de suspeitas e fantasias infundadas é insegurança que se manifesta: ou a insegurança devida à falta de confiança na própria capacidade de merecer o amor do parceiro, ou a insegurança devida à falta de confiança no parceiro. A falta de confiança na própria capacidade de se fazer amar revela baixa auto-estima e necessita de cuidados especiais. A falta de confiança no parceiro desafia a cumplicidade. Ou a pessoa não confia em um parceiro que merece confiança e precisa reder-se à realidade e assim restabelecer a cumplicidade; ou o parceiro realmente não merece confiança, e aí cabe questionar-se se esse parceiro merece ser amado, já que, por não ser confiável rompe os laços da cumplicidade e do amor. Se o parceiro merece confiança e não a recebe, pode-se questionar quem realmente está sendo traído: aquele que desconfia sem motivo real ou o que não recebe a confiança que merece. Se o parceiro não merece confiança, ou seja, não é digno dela vale questionar porque insistir na tentativa de manter um relacionamento amoroso com alguém com quem não se pode estabelecer cumplicidade nem construir um amor de verdade.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

AMOR E SACRIFÍCIO

Muitas mentes perversas se valem do argumento de que o amor não pode existir sem sacrifício para justificar abusos e atrocidades de todos os tipos. Esses são hipócritas, exploradores, que ousam fazer o mal “em nome do amor”.
Embora esta verdade seja muitas vezes tão mal interpretada e manipulada de maneira indecente, o amor requer, sim, a capacidade de sacrificar-se pelo outro. Essa capacidade é necessária, em primeiro lugar, porque para que o sentimento mereça o nome de amor é preciso amar o outro como a si mesmo. E amar como a si mesmo requer a capacidade de colocar-se no lugar do outro, de CON-VIVER com ele, de alegrar-se e de sofrer com ele. Em segundo lugar, porque o outro não é perfeito. Há que se tolerar suas falhas e seus defeitos. A única perfeição que pode ser atingida nesta vida pelo amor humano é o crescimento conjunto. E o crescimento conjunto requer apoio e ajuda mútuos. Suportar as dificuldades do outro e permitir que ele cresça em seu próprio ritmo é necessário. É a isso que chamo de “sacrificar-se pelo outro”. É importante, contudo, relembrar que esse movimento precisa ser recíproco.
Em certos momentos, ao longo da vida dos dois, um poderá chegar a sacrificar-se mais e o outro menos. Desde que o inverso aconteça em outros momentos, a troca é justa. Troca? Sim: troca, partilha, dar-e-receber. Aquele que ama precisa ser também amado para que exista o amor conjugal. Então é necessária uma troca constante de sacrifícios. Sacrifícios incluem tolerância, respeito pelas limitações e pelas dificuldades, respeito pelo ritmo de crescimento do outro, respeito pelas diferenças e idiossincrasias do outro.
Contudo, já que um necessariamente faz o outro sofrer e se sacrificar no processo do amor, há que se reconhecer o sacrifício alheio, há que se agradecer por ele, há que se pedir perdão por ele. Tudo isso como em uma dança: cada um a seu tempo, mas obrigatoriamente ambos se movimentando.
Quem almeja o ideal no relacionamento, precisa esforçar-se para tentar atingi-lo. Quem deseja que o outro seja cada vez melhor, precisa ser por sua vez também cada vez melhor, e precisa ajudar o outro a crescer.
Nisto consiste o crescimento conjunto: um crescimento no qual um ajuda o outro na medida de suas possibilidades, na medida de sua capacidade, em seu tempo e em seu ritmo próprios. Nenhum dos dois conseguirá jamais ser perfeito. Mas ambos precisam esforçar-se e ajudar-se mutuamente. Amar é isto: ter boa disposição de espírito, de mente e de comportamento para com o outro. Se ambos se doam, se ambos se sacrificam quando necessário, se ambos agradecem pelo sacrifício do outro, se ambos pedem perdão por fazer o outro sofrer... Enfim, se cada um ama ao outro como a si mesmo, se cada um procura crescer e ajudar o outro a crescer, se cada um aceita a ajuda do outro em seu processo de crescimento... aí o amor floresce.
Em meio ao riso dos prazeres e às lágrimas do sacrifício é que se cultiva o amor e se faz brotar a felicidade.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

DISTANCIAMENTO EMOCIONAL

Apesar de amar seu/sua parceiro(a), a pessoa pode se manter emocionalmente distante dele(a), muitas vezes devido a “traumas emocionais” e/ou medo de rejeição. Essa pessoa não deixa o/a parceiro(a) estabelecer intimidade afetiva com ele(a). Nesses casos, a busca por textos esclarecedores e cursos que ensinem as pessoas a se relacionarem bem com o(a) parceiro(a) podem ajudar, mas muito frequentemente trata-se de uma situação na qual se faz necessária uma psicoterapia, que poderá envolver – de acordo com a avaliação do psicoterapeuta – a pessoa individualmente ou o próprio casal.