sábado, 3 de abril de 2010

BRIGAR, TOLERAR OU DIALOGAR?

Quando surgem pontos de divergência no relacionamento do casal, os parceiros encontram-se diante de três possibilidades: brigar, tolerar ou dialogar.
A briga, em geral, é a opção das pessoas que escolhem mascarar sua insegurança por meio da agressividade. Por exemplo, se um dos parceiros acha que é “responsável” por resolver a qualquer custo um problema do outro, diante de uma sensação não admitida de impotência, pode escolher brigar para que o(a) parceiro(a) mude. Outro motivo freqüente para a briga é o medo. O medo de não ser respeitado, ou de ter seus argumentos refutados ou desconsiderados pode levar um dos parceiros a escolher brigar.
A tolerância geralmente é a escolha de pessoas passivas, francamente medrosas ou passivo-agressivas. Consiste em não reagir às provocações ou reagir de forma dissimulada, boicotando o outro ao invés de enfrentá-lo abertamente. Essa pessoa costuma acumular ressentimentos e pode se sentir no direito de cobrar do outro, de alguma maneira, algum tipo de reconhecimento por sua “bondade”.
Quando o brigão se casa com o passivo, o primeiro “resolve” as coisas explodindo em raiva e o segundo escolhe conviver na base da tolerância. O pior, é que, como o parceiro passivo se se cala, muitas vezes o parceiro agressivo acha que “resolveu” o problema. Não percebe que a briga gera medo, inibição e revolta ou ressentimento que podem não ser expressos na hora ou que podem se manifestar na forma de choro, tristeza ou de atitudes passivo-agressivas. De qualquer forma, frequentemente o parceiro que briga acredita que só brigando consegue “consertar” o outro. E, muitas vezes, o parceiro passivo acha que agüentar tudo calado é a única maneira de ser generoso e julga-se muito “bonzinho” por isso.
Por outro lado, ambos os parceiros podem resolver brigar ou tolerar-se mutuamente e formar, no primeiro caso, um casal que se agride mutuamente ou, no segundo caso, um casal de indiferentes.
De qualquer maneira, a escolha pela briga ou pela tolerância excessiva geram revolta, ressentimento, e, não raramente, desejo de vingança.
Um estudo realizado em conjunto pela Universidade de Washington e pela Universidade de Berkeley revelou a existência de dois padrões principais de relacionamentos que terminam em divórcio: o casamento no qual predominam as brigas e que costuma terminar nos primeiros sete anos de convivência; e o casamento de pessoas que se comportam de maneira fria e escondem as emoções – que costuma terminar quando os parceiros atingem a meia-idade.
Viver infeliz para sempre ou encarar a separação parecem ser as possibilidades que apresentam aos parceiros quando o casal convive à base de brigas ou de pura tolerância.
O diálogo é um caminho mais difícil de ser trilhado do ponto de vista do individualismo. Envolve vencer os próprios medos, arriscar-se a não ser compreendido, investir muito na relação e talvez não ser correspondido. Mas quando esse caminho difícil é a escolha de ambos os parceiros, o resultado é a resolução dos problemas à medida em que eles vão surgindo, um relacionamento livre de ressentimentos e mágoas, e o aperfeiçoamento da relação e o crescimento pessoal dos parceiros. Brigar, tolerar ou dialogar, enfim, são escolhas que dependem das prioridades das pessoas: autoafirmar-se a qualquer custo, suportar o outro a contragosto; ou buscar o caminho árduo, mas altamente proveitoso e realizador, da felicidade conjugal.

Um comentário:

  1. Hoje demorei um pouquinho para comentar, o dia foi corrido...
    Gosto de ler, reler, reler... Me encontrar e comentar...
    Não é surpresa dizer que mais uma vez adorei o post! Que também me "vi" muitas vezes nele. Confesso que ja me deparei com as três situações. Já briguei muito, tolerei pouco, dialoguei às vezes. Acho que a maioria dos casais passam por isso e até não seria inusitado. O que realmente me fez parar para pensar, é o que talvez não tenha feito até então, ou se fiz, não me apercebi disso. Dizer que tais escolhas dependem de prioridades para mim foi o ponto chave. Lógico que em tudo na vida precisamos priorizar, ocorre que não tinha parado para pensar que isso ora poderia ser uma tentativa de autoafirmação a qualquer custo ou um suportar a contragosto. Sempre em quaisquer das situações, costumamos achar que somos a pessoa mais certa do mundo, jamais julguei que seria autoafirmação ou mero suportar... É verdade!!! Mais uma vez você foi brilhante! Mais uma vez está me fazendo parar para refletir acerca das minhas escolhas...
    Obrigada!!! Vou seguir por esse caminho árduo, proveitoso e realizador sempre focada na felicidade conjugal. Com toda certeza, numa próxima briga, ou momento de tolerãncia, irei pesar as minhas prioridades e com o tempo quem sabe não irei suprimindo as duas primeiras opções. Afinal, tudo que se quer é encontrar a tão sonhada felicidade conjugal
    Parabéns mais uma vez!!! Você está me fazendo muito bem, e, com toda certeza, fazendo o bem a muitos outras pessoas.

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