segunda-feira, 12 de abril de 2010

NAMORO, EMOÇÃO E RAZÃO II (“NA ALEGRIA E NA TRISTEZA”... E EM TODOS OS MOMENTOS)

Uma das questões mais relevantes concernentes ao uso da razão durante o namoro é: Como saber se aquela pessoa que você julga ser um(a) bom/boa namorado(a) será um(a) bom/boa esposo(a)? Talvez se conseguíssemos encontrar a resposta correta para esta pergunta pudéssemos prever se um determinado namoro resultaria ou não em um casamento feliz.
Um estudo da Universidade Northwestern, chefiado pelo pesquisador Daniel Molden, tentou responder a uma questão importante envolvida nesse processo.
O estudo sugere que as pessoas que pretendem se casar deveriam refletir melhor sobre o tipo de suporte de que elas vão precisar durante o casamento e avaliar melhor se o(a) namorado(a) que apóia seus sonhos de realização está pronto para compartilhar com elas as agruras das obrigações.
Os namorados se preocupam bastante com a capacidade e a boa vontade dos parceiros em apoiar seus projetos e realizações. Este costuma ser um critério importante para a escolha de um(a) bo(a) namorado(a). Contudo, depois de casadas, as pessoas não se satisfazem com este critério para definir o que seria um/uma bo(a) esposo(a). Para as pessoas casadas, um outro critério importante é a capacidade e a boa vontade dos parceiros em apoiá-las e, na medida do possível, ajudá-las no cumprimento de tarefas e obrigações – muitas delas, que surgem como conseqüência do próprio casamento. Este poderia ser um dos fatores que contribuem para o desencanto com o(a) parceiro(a) depois do casamento e a dissolução deste último. Afinal de contas, ele(a) parece estar pronto para apoiar e ajudar o outro(a) nos momentos de alegria, realização e comemoração, mas não nos momentos de dificuldade. Na verdade, depois do casamento, a pessoa se sente traída porque, quer a união tenha sido oficializada ou não, a tendência é esperar do outro o cumprimento da expectativa de que o parceiro a apóie, ame e respeite “na alegria e na tristeza, na doença e na saúde, etc.”
Além disso, durante o namoro, é fácil apoiar as esperanças e aspirações do outro. Em primeiro lugar porque elas não têm repercussão direta sobre nossa vida. Na verdade, durante o namoro, cada um vive sua própria vida, e o outro pode facilmente dar estímulo e motivação... às vezes até ajudar um pouco.
Depois que os dois se casam, vêm as obrigações: cuidar da casa, ir ao supermercado, cuidar das crianças, cuidar dos cachorros, fazer pagamentos... Isso fora as dificuldades maiores, que podem surgir quando um dos parceiros adoece ou entra, por exemplo, em uma crise de depressão. Diante de tudo isso, até mesmo apoiar os sonhos e os desejos de auto-realização do outro fica difícil: se os dois trabalham tempo integral, por exemplo, quem cuidará das crianças? Ou seja, até mesmo as realizações passam a ter implicações diretas na vida do outro e a sofrer limitações devidas às dificuldades que surgem com o casamento.
Será que o(a) namorado(a) que apóia entusiasticamente seus sonhos de auto-realização e conquistas profissionais está pronto para assumir junto com você as conseqüências da luta por essas causas e também ajudá-lo(a) no dia-a-dia da vida de casado(a)?
Segundo o estudo de Daniel Molden , a resposta a essa questão pode fazer a diferença em termos de quão satisfeito(a) você ficará após assumir o compromisso do casamento. Acreditar que o(a) parceiro(a) está pronto(a) para ajudar você a tornar-se a pessoa que você aspira ser significa uma maior probabilidade de satisfação na relação tanto para casais que namoram quanto para casais casados, mostrou o estudo. Mas a crença de que seu/sua parceiro(a) ajuda você a cumprir seus compromissos só significa uma maior probabilidade de satisfação com a relação após o casamento. Ou seja, depois que o namoro vira casamento, as pessoas já não se contentam com apoio e ajuda apenas para a realização de conquistas positivas, mas sentem, além disso, a necessidade de que o outro as ajudem a enfrentar as dificuldades.
Será a resolução desta questão suficiente para se conseguir selecionar um(a) bom/boa parceiro(a) para o casamento? Acredito que não; mas, certamente, um passo muito importante foi dado. Pensar nas necessidades futuras é uma maneira de usar a razão durante o namoro para tentar alcançar um casamento feliz.
E “acertar no casamento” é uma missão importante mesmo para aqueles que não acreditam que a relação pode não durar para o resto da vida, pois o custo emocional de uma separação é muito alto.
Usar a razão durante o namoro é, portanto, fundamental para aqueles que desejam construir um relacionamento feliz e não ter que arcar com as conseqüências de uma separação.

Um comentário:

  1. Este post foi muito proveitoso para mim, no que tange a tentar passar alguma luz aos meus filhos na idade de descobrir e viver o amor. Sinto-me sempre despreparada... Contar com seu auxílio é um bem precioso.
    Obrigada por dispor a nós sua sabedoria, seus estudos e seu tempo tão precioso.
    Excelente post! Como tudo que você escreve. Acho que outras pessoas que por aqui passam deveriam também fazer esse exercício de externar seus pensamentos, seus questionamentos, ou até mesmo suas discordâncias... Tudo é em proveito de nós mesmos! Um excelente canal, para de uma forma sutil, fazermos psicoterapia virtual em grupo, me corrija se eu estiver falando besteira.

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