segunda-feira, 19 de julho de 2010

NA DEFENSIVA

Ficar na defensiva é reagir à abordagem do outro como quem se sente atacado e contra-atacar. É achar que o outro está invadindo sua praia, seu território, e atacar o “invasor”.
No casamento, a atitude defensiva costuma resultar em um verdadeiro desastre, pois impede completamente a formação do elo mais importante entre o casal: a cumplicidade.
Como posso ser cúmplice de alguém que considero meu inimigo?
Como chegar a um acordo se acho que estou sendo atacada?
Como entender o ponto de vista do outro se acredito que sua intenção para comigo é má?
A atitude defensiva precisa ser substituída por uma atitude acolhedora. A atitude acolhedora consiste em receber o comportamento do outro simplesmente como uma expressão da pessoa dele e tentar compreender seu significado. O interesse genuíno pode ser a palavra chave nesses casos. O que será que o outro quer realmente dizer? Será que entendi direito a mensagem do outro? O que posso fazer para ajudar a esclarecer a situação?
Essa tentativa de esclarecer a situação costuma ser incompatível com a atitude defensiva da parte de quem se sente atacado e descontruí-la, e fazer o outro sentir-se acolhido.
Quando um dos parceiros diz:
- Ai! Você pisou no meu pé.
Se o outro parceiro estiver na defensiva, reagirá dizendo coisas como:
- Não foi culpa minha! Você é que estava no lugar errado!
Se o outro parceiro não estiver na defensiva, poderá dizer:
- Oh, me desculpe. Foi sem querer. Sinto muito mesmo. Machuquei você?
Se o parceiro ofendeu você, buscar esclarecimento sobre o significado do que ele disse ou fez, ao invés de contra-atacar (ou “dar o troco”) é uma maneira eficaz de não ficar na defensiva, e até de desarmar um possível ataque. Este é o verdadeiro significado do conselho de Jesus de “dar a outra face”.
- O que você quer dizer com isto?
- Qual é mesmo sua opinião a esse respeito?
É claro que as palavras e frases precisam ser também articuladas em uma entonação não defensiva. Uma entonação de interesse genuíno, até mesmo de curiosidade, de investigação, de desejo de compreender. Uma entonação que transmita o desejo de simplesmente esclarecer as coisas.
Quando queremos genuinamente entender o outro e esclarecer os mal entendidos, saímos naturalmente da atitude defensiva para uma atitude compreensiva e acolhedora.
O velho ditado que diz que “violência gera violência” também é válido nesses casos. Quando a gente fica na defensiva, o outro provavelmente se sentirá acusado de ter feito um ataque e tenderá a contra-atacar. E pronto: está armada uma briga, cujo resultado serão ofensas mútuas, ressentimento e quebra da cumplicidade. E, para parar uma briga, alguém precisa sair da atitude defensiva e procurar compreender o outro.
Quando ambos os parceiros procuram manter uma atitude de abertura e compreensão um para com o outro, aí temos um poderoso antídoto contra a atitude defensiva. A confiança mútua de que um nunca tem a intenção de ferir o outro pode ser o segredo para se chegar a essa atitude. Confiança mútua e cumplicidade são exatamente o oposto da atitude defensiva. O amor, a compreensão, a boa intenção e o acolhimento são os ingredientes da poção mágica da boa convivência com o(a) parceiro(a).
Amar é desejar sempre o bem do outro. Se um não ataca o outro ou se, mesmo achando que pode estar sendo atacado, um não se defende do outro, está aberto o caminho para o diálogo e para a compreensão.
E se um escorregar de mal jeito e cair na atitude defensiva? Nesse caso, nada melhor do que um sincero pedido de desculpas por parte deste e uma generosa dose de perdão por parte do outro.
Não adianta, não basta apenas amar. É preciso compreender, cuidar e ter cumplicidade para construir um relacionamento sincero, maduro e gostoso. Não basta apenas amar. É preciso cultivar o amor. E o cultivo do amor tem por base a boa intenção, a humildade necessária para pedir desculpas quando for preciso, a generosidade para perdoar o outro que está arrependido e, acima de tudo, a disposição para dialogar.

5 comentários:

  1. Muito massa,

    Moro a cinco anos e meio em ambiente coletivo e, depois de algum tempo, é comum ver que mesmo pessoas que não tinham o hábito de ficar na defensiva, passam a ter.

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  2. Adoro ficar na defensiva..é a melhor maneira de manter essa raça humana e idiota longe de mim

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  3. Odeio quando uma pessoa fica na defensiva,para mim a pessoa que reage dessa forma, é covarde, não tem argumentos para entrar numa discussão saudável e adulta, é totalmente despreparada e imatura...

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  4. As pessoas que agem feito sentinelas, sempre na defensiva,nunca serão capazes de aceitar a atitude do outro, há sempre uma suspeita em qualquer gesto afetivo, físico, por parte do outro. Qualquer atitude que se perceba algum tipo de exploração pelo outro, aciona-se no defensor a inversão do amor Pelo, do bem Pelo, e assim por diante!!!

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  5. Acho que a pessoa que está sempre na defensiva pode até confundir um gesto de amor como se fosse algo que viesse a lhe trazer prejuízos.

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