segunda-feira, 5 de julho de 2010

LEITURA MENTAL

Em seu livro “Love Is Never Enough”, Aaron T. Beck, o criador da Terapia Cognitiva, escreve sobre a leitura mental. Segundo Beck, a tentativa de “ler” a mente do(a) parceiro(a) dá à pessoa uma falsa sensação de segurança gerada por conclusões errôneas que pode causar grandes problemas. Beck afirma ainda que, ao interpretar erroneamente o comportamento dos parceiros, as pessoas costumam gerar no relacionamento exatamente aquilo que mais temem.
Podemos descrever a “leitura mental” como a tentativa de deduzir o pensamento do outro com base em sinais corporais externos. É claro que os gestos e posições das pessoas podem sugerir algo sobre suas posturas e intenções. O problema é que os parceiros levam isso ao extremo, e acham que sabem o que o outro está pensando. Eles acham que “conhecem” os parceiros e “sabem” o exato significado dos sinais corporais do outro. Então cada um associa a determinados gestos ou posturas do outro exatamente as mensagens que mais temem receber, como: “Ela está me olhando desse jeito porque está me reprovando”, “Olhou para o relógio porque não está interessada no que estou falando”, “Ele não se importa mesmo com nada do que quero lhe falar sobre minha carreira”, “Ele está pensando que sou mesmo uma idiota”... E assim por diante. Na maioria das vezes, como já era de se esperar, essas conclusões não têm nada a ver com a verdade interna do outro, mas sim tudo a ver com os medos e ansiedades daquele que está “projetando pensamentos na mente do outro”, ou seja, fazendo a “leitura mental”. Qual é o remédio: perguntar o que o outro realmente está pensando no momento. Quanto mais perguntas e respostas sinceras entre os parceiros, menores as chances de confusão e desentendimento.
O pior da “leitura mental” é que cada um vai fazendo suas deduções sem fundamento e as fantasias vão se acumulando, até que toda uma trama de desentendimento se forma; e ambos os parceiros ficam carregados de ressentimentos por coisas que, na verdade, nunca aconteceram.
Um dos aspectos mais fascinantes do relacionamento amoroso é justamente o fato de que estar diante da pessoa amada é ter o privilégio de entrar em contato íntimo com um ser de possibilidades infinitas que, além disso, é, na verdade, um devir (um vir a ser). Portanto, não nos cabe fazer adivinhações sobre o que esse ser está pensando, mas sim mergulhar cada vez mais na descoberta do mesmo por meio do diálogo. O diálogo, que envolve componentes verbais e não verbais – mas não adivinhações -, é a ferramenta maravilhosa por meio da qual podemos aprofundar cada vez mais o conhecimento mútuo e extasiarmo-nos ao longo da vida inteira com as infinitas possibilidades de nosso amor.

Um comentário:

  1. Nossa, já estava com saudades dos seus textos. Adoro tudo o que você escreve e sempre tudo é tão útil pra mim. Saiba que sempre divulgo o seu blog para meus amigos e muitas vezes até copio os textos que você posta aqui e encaminho por e-mail para vários colegas, claro que sempre sito a fonte e aproveito para sugerir a eles que acompanhem suas postagens. Espero que você não nos deixe esperar muito por um novo texto, acesso seu blog toda semana em busca de novidades. Sou sua fã mesmo. Parabéns pela seu trabalho e obrigada por compartilhar tudo isso conosco.

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