segunda-feira, 11 de abril de 2011

HORA DE DIALOGAR


Muitos casais passam anos conversando “normalmente” nos momentos de calma, e tocando nos problemas apenas nos momentos de briga. As brigas acontecem e podem acontecer, com maior ou menor frequência, com qualquer casal. Mas a hora de brigar não é a hora de tentar resolver conflitos. Para resolver os conflitos, são necessários momentos de diálogo. Momentos em que ambos os parceiros estão de “cabeça fria” e dispostos a conversar. Conversar nem sempre é fácil, mas é um movimento construtivo em prol da saúde do relacionamento. Não adianta brigar e, depois que a raiva passa, deixar tudo como está, como se nada tivesse acontecido. As brigas mostram que existem problemas, mas é através do diálogo que se chega às soluções. “Engolir” os problemas, fazendo de conta que eles não existem, só serve para acumular ressentimentos e frustrações que irromperão na próxima briga. E quanto mais ressentimentos, mágoas e frustrações são ignorados, maiores se tornarão os momentos de silêncio e menos frequentes os momentos de cumplicidade e de intimidade. É assim que os parceiros vão aos poucos afastando-se um do outro. É assim que a paixão e o amor acabam, e juntamente com eles o desejo sexual. Muita gente já falou que o amor é como uma plantinha que precisa ser regada todos os dias. Não só o amor é assim, a paixão também é. Ambos são parte de uma plantinha que se chama relacionamento amoroso, que precisa não apenas ser regada mas cuidada diariamente. Para isso são necessários momentos de conversa em que ambos os parceiros deponham as armas e se disponham a procurar expressar o mais clara e tranquilamente possível seus sentimentos e pensamentos e a procurar, com o máximo de boa vontade, compreender e respeitar os pensamentos e os sentimentos um do outro cada vez melhor, perdoar e pedir perdão pelos erros cometidos, expressar a profundidade do amor e da paixão que sentem um pelo outro, agradecer um ao outro por esforçar-se pelo bem do relacionamento, e agradecer também por tudo de bom que recebem um do outro. Mas... e os problemas?  Para resolver os problemas, são necessários compreensão, respeito e a construção de acordos viáveis. Acordos? Sim, acordos que só podem ser construídos por meio de negociações sinceras e bem intencionadas. E os acordos precisam ser revisados e reconstruídos ao longo do tempo à medida em que certos problemas são resolvidos e novos problemas se nos apresentam. O relacionamento amoroso somente perdura se for algo vivo, algo que se transforma à medida que o tempo passa; algo que nasce, desenvolve-se e enriquece-se cada vez mais. Amar não é simplesmente encontrar “a pessoa certa” e deixar tudo como está. Amar é crescer junto com o outro e cuidar do relacionamento, para que ao longo do tempo ele possa tornar-se cada vez mais forte, mais saudável e mais agradável para ambos os parceiros. E isso não se faz da noite para o dia. Isso se constrói ao longo de anos de dedicação, boa vontade e, acima de tudo, diálogo, muito diálogo, muito respeito pelo outro, e muita, muita compreensão da parte de um para com o outro.

Um comentário:

  1. Primeiramente, quero registrar o meu contentamento pelo seu retorno aos posts. Você faz muita falta! Como foi por um justo motivo, esta ausência, não vou reclamar muito.
    Em segundo plano não posso deixar de me espantar com a sucessão de coincidências ocorridas. Hoje, exatamente hoje, eu me peguei pensando que você estava ausente, nunca mais havia postado nada no Blog. Semana passada, pasme, eu estava pensando no quanto minha vida amorosa está gostosa, tranquila e me perguntava até quando isso iria durar.
    Sim! Espero não causar espanto aos leitores do Blog, mesmo os que não comentam, sei que leem. Fazia-me esta indagação, porque como você bem disse: “Muitos casais passam anos conversando “normalmente” nos momentos de calma, e tocando nos problemas apenas nos momentos de briga.” Eu faço parte desta parcela de muitos. Na hora da briga falo tudo o que vai pela minha cabeça, despejo verbos, escuto muita coisa e depois que a briga passa, é como se nada tivesse acontecido. Porém, em dado momento, quando estamos no maior “love” certas palavras ecoam na minha cabeça e até cortam o clima. Por isso agora, quando está tudo bem me pergunto até quando, ao invés de usar este momento para dissipar as mágoas retidas.
    Eis que chega você, brilhante como sempre, me fazendo pensar justamente nas minhas indagações, apontando caminhos, dando dicas...
    Mais uma vez, repito a velha máxima: “Por que eu não pensei nisso antes?”.
    Ora, pelo fato de nunca ter feito uma psicoterapia, por não entender nada do assunto, porque não estudei para isso. Nestas horas, o valor da psicoterapia se evidencia, nestas justas horas, me entristeço por morarmos longe. Todavia, você se faz presente, no seu Blog, como se tivesse atendido ao meu chamado, postando exatamente sobre as minhas indagações da semana passada!
    Obrigada por nos passar dicas tão preciosas caminhos sutis na busca, daquilo que você bem disse ser: “um movimento construtivo em prol da saúde do relacionamento”.
    Parabéns pelo post. Feliz retorno! Sucesso sempre! Pois o seu sucesso reflete na nossa incessante busca do autoconhecimento. Posso dizer que tenho uma “inveja boa”, (se é que se possa dizer que este sentimento possa ser bom), dos seus pacientes. Eles podem fazer as indagações diretamente a você, e você com toda certeza, nunca se furta de lhes mostrar a melhor visão sobre o tema.

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