segunda-feira, 22 de março de 2010

NAMORO, EMOÇÃO E RAZÃO I


O namoro é, em geral, visto como um momento de “conquista”, durante o qual cada parceiro(a) apresenta à/ao outro(a) uma imagem a mais atraente possível de si mesmo(a). O objetivo é cativar a outra pessoa a ponto de convencê-la a investir em um relacionamento mais sério. Geralmente, as pessoas que namoram nesse nível estão apaixonadas. E, se tudo der certo, ficarão mais apaixonadas ainda com o decorrer dos meses ou anos... até resolverem casar-se ou morar juntas.
Muitas vezes, quando o namoro culmina em casamento, não demora muito para um ou ambos os parceiros descobrirem que estão morando com uma pessoa completamente diferente daquela que namoraram. Isto é o que acontece, em grande parte dos casos, quando as pessoas namoraram apenas para “conquistar” uma à outra, ou quando namorar consistiu apenas em deixar-se levar pelas emoções sem fazer uso da razão.
Pode parecer pouco romântico dizer isto, mas os namorados não deveriam prescindir da razão durante o namoro. Namorar não deveria servir apenas para encantar e ser encantado, mas também, e talvez principalmente, para conhecer e ser conhecido – saber se a outra pessoa tem realmente algo a ver com o(a) parceiro(a) que você procura ou se ambos encontram-se envolvidos apenas em uma grande fantasia. Isso é importante para quem não deseja casar-se ou ir morar junto e acabar achando que foi enganado(a).
A verdade é que durante o namoro, muitas vezes as pessoas vivem apenas a paixão e nem começam a construir o amor... e frequentemente confundem a primeira com o segundo. Estar apaixonado significa a mesma coisa que amar? Infelizmente, grande parte dos apaixonados descobre que não, na prática, antes de ao menos pensar no que isso significa na teoria: basta ir morar junto com o(a) outro(a) ou casar-se.
Então, qual seria a solução: namorar para o resto da vida e nunca assumir um compromisso mais sério... ou, quem sabe, morar em casas separadas?
Penso que não há vantagem nessas soluções. Perde-se muita coisa boa do relacionamento se este não evolui para um maior comprometimento do casal ou se ambos resolvem morar em casas separadas. Acredito que a solução está no próprio namoro, que não deve ser apenas um período de experimentar fortes emoções, mas também de se usar – e muito – a razão.
O namoro precisa ser um tempo de mútua descoberta, de discussão dos objetivos e metas do casal, e, principalmente, de explicitação do que cada um espera do relacionamento. Assim, as expectativas ficam mais claras; acordos podem ser feitos; e mudanças podem ser realizadas, quando necessário.
Não digo que o namoro precise ser uma espécie de simulação do início do casamento, mas um momento que permita às pessoas maior segurança na escolha do parceiro(a) e o estabelecimento de um bom grau de clareza na relação. Não penso que o uso da razão estrague a emoção, mas, pelo contrário, que ele a enriquece. Penso que ele traz maturidade ao relacionamento e faz com que o namoro não seja apenas uma vivência da paixão, mas também a descoberta do amor. E, como alguém já disse, o melhor da relação pode ser obtido quando a gente é apaixonada por quem a gente ama – e o namoro é o momento certo de começar a construir as duas coisas ao mesmo tempo, para que aumentem as chances de se fazer desabrochar um relacionamento feliz.

Um comentário:

  1. Adorei o post! Uma linguagem clara, abrangente. Deveria ser lido por jovens em início de namoro, por casais que namoram dentro do casamento e até por aqueles que ainda não sabem o que é isso. É muito difícil estabelecer um limite entre a razão e a emoção quando estamos tomados pela paixão, oportunas, portanto, as suas colocações sempre tão relevantes e abalizadas. Parabéns mais uma vez.

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